Deputado liga governador de Alagoas a ‘fraudador’ de concurso de delegado

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Delegado Fábio Costa (PP-AL) diz que policial civil flagrado com transmissor é amigo de Paulo Dantas e assessora deputado na ALE

Deputado Delegado Fábio Costa cobra apuração da ligação do governador Paulo Dantas com o policial suspeito de fraudar concurso para delegado em Alagoas. Fotos: Instagram e Pei Fon Agência Alagoas

Davi Soares

O deputado federal Delegado Fábio Costa (PP-AL) cobrou publicamente uma apuração rigorosa da Polícia Civil de Alagoas sobre a ocorrência de flagrante de um policial civil que portava transmissor eletrônico ao realizar prova do concurso de delegado da polícia judiciária estadual, no domingo (9). Em suas redes sociais, Fábio Costa exaltou a gravidade do caso, expondo que o suposto fraudador seria amigo do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), e atuaria como assessor de um deputado da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). O Governo de Alagoas diz se esforçar para garantir a lisura do concurso.

Fábio Costa afirma que o registro de fraude em concurso da Polícia Civil não seria novidade, pois já ocorreu no certame anterior para agente e escrivão. E alerta que o flagrante ocorrido após sucessivos adiamentos das provas do concurso para delegado evidencia que “não há mais limites para os poderosos” de Alagoas.

“Para que vocês tenham ideia da gravidade dessa denúncia, essa pessoa que foi flagrada com equipamento eletrônico é um policial civil daqui de Alagoas que é lotado no gabinete de um político conhecido aqui do Estado, ou melhor, trabalha à disposição desse deputado na Assembleia Legislativa. E também um policial civil que tem relações de amizade com o governador Paulo Dantas”, revelou o deputado Fábio Costa, ao concluir ser óbvia a necessidade de investigação séria para apurar tudo o que ocorreu e quem está envolvido com a tentativa de burlar as regras do concurso do cargo estratégico para a Segurança Pública.

Sem prisões

Em nota enviada ao Diário do Poder, a assessoria do governador não responde sobre a relação de Paulo Dantas com o policial candidato que foi flagrado com o transmissor. A nota assinada pela Secretaria de Planejamento, Gestão e Patrimônio de Alagoas (Seplag) nega ter havido “registros de prisão sobre candidatos com ponto eletrônico”. Mas admite a eliminação de 25 pessoas por porte de objetos em desacordo com o edital, como relógio digital e fones bluetooth. “Ato comum em dias de provas de concursos públicos”, avalia a Seplag.

O deputado Fábio Costa, que é delegado licenciado, reforçou à reportagem que o delegado-geral da Polícia Civil, Gustavo Xavier, confirmou que um policial civil foi flagrado pela organização do concurso com um transmissor, que foi apreendido na Escola Estadual Doutor José Maria Correia das Neves e encaminhado para a Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic).

Aparelho transmissor apreendido com policial flagrado em suposta fraude a concurso de delegado em Alagoas

‘Fato atípico’ não revela suspeito

Outro fato incomum foi o fato de o nome do policial civil flagrado em atitude de suspeita de fraude ao concurso não constar no boletim da ocorrência. O relato trata o suspeito como “desconhecido”, ao citar que o aparelho “fora entregue por um funcionário da Cebraspe ao agente de Polícia Civil plantonista [Carlito Euclides Oliveira Vasconcelos] que se fazia presente na citada escola”.

“O delegado geral confirmou ainda que foi lavrado um boletim de ocorrência narrando o fato. O BO foi confeccionado pela equipe da própria delegacia geral. Após a constatação da veracidade da minha denúncia e confirmação da ocorrência um inquérito foi instaurado para apurar essa tentativa de fraude. Como que a Seplag pode garantir a lisura do concurso, diante dessa informação e da investigação aberta? Se não houvesse nada de errado, não haveria equipamento apreendido, BO lavrado, instauração de inquérito e eliminação do referido candidato”, reforça Fábio Costa.

O Diário do Poder perguntou diretamente à assessoria do governador, se Paulo Dantas conhece esse policial flagrado sob suspeita de fraude ao concurso. Mas não obteve respostas. A reportagem também questionou à assessoria da Polícia Civil se há apuração sobre o motivo de o boletim de ocorrência sobre a apreensão do transmissor não citar nome deste policial. E também aguara um posicionamento a este respeito.

Veja o trecho do Boletim de Ocorrência:

DIÁRIO DO PODER

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