Com a chegada do período de chuvas em Salvador, os moradores devem redobrar a atenção, pois crescem os relatos de aparições de animais silvestres e peçonhentos em áreas urbanas, muitos deles em locais inusitados, como quintais, garagens e até quartos de residência.
Só nos primeiros quatro meses de 2025, mais de 4.300 animais silvestres foram resgatados na capital baiana — entre eles serpentes peçonhentas, aranhas, escorpiões, aves, jacarés e sariguês — pelo Grupo Especial de Proteção Ambiental (GEPA), da Guarda Civil Municipal (GCM).
De acordo com o coordenador do GEPA, Robson Pires, o aumento dessas ocorrências está ligado às fortes chuvas que atingem a cidade, à intensa urbanização e ao desmatamento. “Provavelmente, esses animais saíram do habitat por causa do alagamento de suas tocas e buscam locais secos para abrigo. Apesar de ainda termos muita área verde em Salvador, as fronteiras entre o ambiente natural e urbano não existem”, explica.
Peçonhentos
Pires revela que ontem foram resgatados 4 animais na cidade: duas cobras, uma ave e um sarigüe, sendo que uma das cobras era uma jararaca, capturada no Centro Histórico.
Ele alerta para o risco que envolve a capturar do animal, por conta própria: “No reino animal, a reação a um possível predador é sempre de defesa. Se for uma serpente, ela pode picar. Se for um animal com garras ou dentes, ele vai tentar morder ou arranhar, podendo causar ferimentos graves ou até levar à morte no caso de peçonhentos”, alerta.
Pires explica que das quatro espécies de serpentes peçonhentas que existem no Brasil, três delas são típicas da região de Salvador: jararaca, cascavel e coral.
“É fundamental não tentar resgatar ou alimentar o animal. O correto é isolar no local e acionar imediatamente a GCM pelo número (71) 3202-5312, que a gente vai disponibilizar uma equipe especializada para resgatar o animal, com cuidado para não feri-lo”, pontua.
Devolvidos ao habitat
Após o resgate, os animais são encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Inema e do Ibama, ao Projeto Tamar, no Ima (Instituto de Mamíferos Aquáticos) ou espécies mais exóticas que vão para a UFBA.
Nesses locais, os animaispassam por triagem, avaliação clínica e são preparados para reintegração ao habitat natural.
Entre os répteis mais encontrados nesta época do ano estão serpentes como jararacas, corais e cascavéis — todas peçonhentas — além de jiboias (não peçonhentas), sucuris e jacarés arrastados pelo esgoto.
Cuidados com ataques
Se houver acidente com um animal peçonhento, as autoridades de saúde recomendam lavar o local com água e sabão, manter a calma e procurar atendimento médico imediato.
No caso de mordidas de animais silvestres, é necessário se dirigir à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima para tomar a vacina antirrábica.
Já em caso de picadas de animais peçonhentos, deve ir ao Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia (CIATox-BA), localizado no Hospital Geral Roberto Santos, no bairro do Cabula, para tomar antídoto ou soro.
Sempre que possível, é recomendado levar o animal ou tirar uma foto para facilitar a identificação da espécie e aplicação do tratamento adequado.
Para evitar atrair esses animais em casa, é preciso manter a limpeza, evitar acúmulo de lixo e entulho, e sempre verificar roupas e sapatos antes de usá-los, pois podem se esconder neles.
A TARDE