Davi Soares
O governo de Paulo Dantas (MDB) mantém a postura insensível diante da dor de famílias de 200 crianças, jovens e adultos com paralisia cerebral, autismo, síndrome de Down e outras deficiências que foram às ruas de Maceió, na terça-feira (27), para protestar contra o calote de quase R$ 500 mil aplicado contra a Associação de Equoterapia de Alagoas (AEA). O caso é mais um no caos administrativo da gestão do secretário Gustavo Pontes de Miranda, que acumula cobranças de entidades conveniadas à saúde pública estadual.
Procurada pelo Diário do Poder, a entidade explicou que precisou suspender os atendimentos nesta semana, por ter evoluído para uma situação financeira insustentável. Porque houve um acúmulo de nove processos de pagamentos atrasados, totalizando exatos R$ 493.392,00, segundo informações repassadas pela AEA, presidida por Clarice Macedo.
A diretora administrativa da entidade, Gabriela Lamenha, detalhou que, desde o protesto dos pais até esta quinta-feira (29), ninguém da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) procurou a associação para renegociar ou se informar sobre a dívida e impactos da suspensão dos serviços.
Ainda assim, a pasta da Saúde do governador aliado do senador e ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), enviou nota ao Diário do Poder em que alegou estar adotando todas as medidas administrativas necessárias para que os serviços de equoterapia continuem funcionando normalmente. Reessaltou que, este mês, realizou repasses financeiros para as clínicas contratualizadas. E ainda alegou ter se reunido, no dia do protesto, com uma comissão de pais dos usuários e assegurou que “a prioridade da Sesau é garantir o atendimento das crianças”.
“A funcionária chamou os pais, no dia da manifestação, e aconselhou a fazer um ofício, solicitando uma audiência com o secretário de Saúde. Somente isso. Não nos procurou , nem os pais para informar sobre possíveis pagamentos. Nem procurou a instituição para informações. Estão totalmente mudos”, denunciou Gabriela Lamenha, diretora administrativa da AEA.
Veja os apelos:
Postura de desdém
A gestão da Associação Equoterapia de Alagoas, que tem sede no bairro de Antares, em Maceió, informou à reportagem que, embora um processo referente a abril de 2024 tenha sido pago recentemente, o valor foi a metade do devido por um mês normal. E teve como motivação do desconto uma paralisação feita por duas semanas naquele mês, quando houve outro protesto de pais por atraso de pagamento.
“É importante ressaltar que, em abril de 2024, após uma manifestação dos pais, a Secretaria de Saúde havia se comprometido a pagar dois processos por mês, em meses alternados. No entanto, essa promessa não foi cumprida, contribuindo para a atual crise”, relatou Gabriela Lamenha.
A dirigente ressalta que a retomada da equoterapia somente será possível, se dois processos forem pagos neste mês de maio. O que é medida crucial para quitar dívidas urgentes e garantir a continuidade do tratamento vital para o desenvolvimento e bem-estar de tantas crianças. Porque, diante do calote do governo de Alagoas, terapeutas não querem mais atender sem atualizar seus pagamentos, fornecedores estão cobrando repasses atrasados, e a associação foi forçada suspender os serviços.
A equoterapia é um tratamento reconhecido cientificamente por ser especialmente eficaz para pacientes com paralisia cerebral, autismo, síndrome de Down, entre outras condições. E as famílias dos alagoanos vítimas do calote sofrem sem os benefícios físicos, emocionais, cognitivos e sociais, promovidos pela Associação Equoterapia de Alagoas.
“Atualmente, a grande maioria dos pacientes da AEA são crianças autistas. O tratamento é considerado um dos mais eficazes e integrativos para crianças com necessidades especiais, utilizando o movimento tridimensional do cavalo para atuar diretamente sobre o sistema neuromuscular”, detalhou a gestão da entidade presidida por Clarice Macedo.
DIÁRIO DO PODER