Camile Soares
Prefeitos, vice-prefeitos e autoridades públicas que integram a delegação brasileira que estava em missão oficial a Israel divulgaram nesta terça-feira (17) uma nota oficial manifestando “profundo desacordo e surpresa” com a nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty).
O documento do governo brasileiro alega não ter sido informado sobre a viagem e sustenta que a missão teria ocorrido em desacordo com orientações consulares emitidas em 2023.
Segundo o texto compartilhado no perfil do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, essa posição contradiz declarações feitas por representantes da própria diplomacia brasileira, em reunião online realizada no sábado (14), com a embaixada do Brasil em Tel Aviv.
“Ao reconhecerem o aviso prévio, questionamos a ausência de qualquer advertência formal ou impedimento à realização da missão”, pontua a delegação, que afirma ainda que a agenda da viagem foi construída com apoio direto do governo de Israel, o que, segundo os signatários da nota, reforça a inconsistência das alegações do Itamaraty.
A comitiva afirma ainda que, diante do cenário de guerra na região e da situação de risco enfrentada pelos brasileiros em missão oficial, esperava uma manifestação de apoio e solidariedade por parte do governo federal e não uma “reprimenda pública”.
“É mais grave ainda que, em meio a um cenário de guerra, quando autoridades brasileiras se encontram sob risco e buscam o apoio de seu país, recebam como resposta um comunicado que mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção”, destaca a nota.
Apesar das críticas, os representantes da missão agradeceram o suporte prestado pelas equipes diplomáticas do Brasil, assim como o auxílio das autoridades locais em Israel, Jordânia e Arábia Saudita, que colaborou para a remoção segura da delegação da zona de conflito.
“Ao mesmo tempo em que manifestamos nosso repúdio ao teor e ao momento da nota emitida pelo Itamaraty, reconhecemos e agradecemos o valioso apoio que nos tem sido prestado pelas equipes diplomáticas brasileiras e dos governos locais em Tel Aviv, na Jordânia e na Arábia Saudita, cuja atuação humanitária tem sido essencial para garantir, com segurança, a remoção da delegação da zona de conflito, ainda em curso”, finaliza o texto, assinado da Arábia Saudita.